Um novo “anel logístico” que está se formando em direção ao interior do estado de São Paulo explica os recentes investimentos de empresas do setor em cidades no entorno de Jundiaí, especialmente Cabreúva, Itupeva e Jarinu, conforme explica o professor da Unicamp Orlando Fontes Lima Júnior, doutor em Engenharia de Transportes com 20 anos de experiência em logística. “É um processo semelhante ao que ocorreu em cidades da Europa como Londres e Paris, onde há ‘anéis logísticos’ que ligam os principais aeroportos”, explica.

Em relação às cidades do Aglomerado Urbano de Jundiaí (AUJ), o projeto de expansão do aeroporto de Viracopos desempenha um papel crucial no desenvolvimento da logística. “O aeroporto tem um plano de crescimento para os próximos 15 anos. Como é algo a longo prazo, as empresas do setor se instalam em áreas próximas onde podem, nesse período, continuar trabalhando e aproveitar o fácil acesso às rodovias Anhanguera, Bandeirantes e Dom Pedro”, acrescenta Lima Júnior.

Para o professor, é importante notar também que a tão comentada crise econômica não é generalizada e há setores que, se não estão crescendo, estão pelo menos mantendo índices positivos. “O varejo é um exemplo disso. E como essa atividade tem como destino principal a capital São Paulo, é natural que a logística seja forte na Região de Jundiaí por conta da sua localização estratégica”, completa.

Lima Júnior afirma também que a região é beneficiada, ainda, por estar localizada no quadrilátero São José dos Campos, Campinas, Sorocaba e Santos, que responde por 25% da população e mais de 50% do PIB do Estado.

São Paulo - Outro fator que estimula a vinda de empresas para cá, segundo o especialista, são as leis que restringem a circulação de caminhões nas marginais da capital. Empresas que estavam instaladas na Grande São Paulo e que atuam no sistema ‘just in time’ (produção e transporte na hora exata) se viram obrigadas a deixar a região em busca de novas rotas. “A Região de Jundiaí é candidata natural porque atende aos três requisitos principais da logística, tais como fácil acessibilidade, disponibilidade de mão de obra e preço do metro quadrado”, defende o professor. Mercado imobiliário - É justamente no último item citado pelo professor da Unicamp - o preço do metro quadrado - que está a explicação para a chegada de novas empresas de logística em cidades do entorno de Jundiaí, na opinião de Gilson Pichioli, diretor de Infraestrutura e Logística do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e diretor de fomento à indústria na Secretaria de Desenvolvimento. “O valor do metro quadrado em Jundiaí perdeu competitividade nos últimos anos e isso tem refletido numa expansão da atividade logística para outros municípios, não só do AUJ, mas também cidades vizinhas como Cajamar e Itatiba, por exemplo”.

Para Pichioli, o fato de as cidades do AUJ também terem fácil acesso às boas rodovias também contribui para o desenvolvimento do setor. “Cabreúva, por exemplo, tem a Dom Gabriel Paulino Bueno Couto que leva à Anhanguera e Bandeirantes em pouco tempo. Jarinu está ao lado da Dom Pedro, importante rota em direção ao Rio de Janeiro. A Região como um todo é privilegiada nesse quesito”, diz.

Ainda segundo Pichioli, essa tendência é boa para toda a Região e não significa que Jundiaí está perdendo mercado. “As empresas que se instalam nas cidades do entorno precisam de mão de obra qualificada e muito provavelmente buscam em Jundiaí. Quando uma nota fiscal de frete é emitida, isso gera ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que beneficia a cidade. Ou seja, é um efeito que reflete positivamente para todo o AUJ”.

Nessa questão do mercado imobiliário há outro fator que favorece as cidades do AUJ. “Durante o planejamento para se instalar em um determinado local, muitas empresas avaliam o potencial de valorização do imóvel que vai adquirir para sua unidade e, se a perspectiva for boa, isso pode ser um fator determinante na opção pela cidade”, comenta o professor Lima Júnior, da Unicamp.

Fonte: Jornal de Jundiai JJ

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