Gays já conseguem comprar apartamentos como casais convencionais. Aprenda

Derrubando barreiras (literalmente), casais gays mostram como os públicos segmentados compram imóveis

Os empresários Gunter Zibell, 45, e Luiz Moraes, 54, decidiram juntar as escovas de dentes em 1985, depois de alguns meses de namoro. Oito anos mais tarde, em 1993, quando quiseram trocar o apartamento de 80 m2 (que pertencia a Luiz) por um imóvel maior e que fosse dos dois, tiveram de ser criativos. Na impossibilidade de combinar suas rendas para financiar um apartamento de 150 m2, eles tiveram a ideia de comprar duas unidades vizinhas e reformá-las, convertendo-as num só espaço.
 
Hoje, a vida é um pouco mais fácil para os casais gays. O avanço nas questões de direitos civis permitiu que o jornalista Wagner Tronolone, de 26 anos, obtivesse um financiamento do Banco Real em seu nome e no de seu antigo parceiro com uma declaração de união estável. “Todos os documentos foram expedidos no nome dos dois”, afirma Tronolone. “O relacionamento acabou, mas a experiência foi positiva.” Se as barreiras legais estão cada vez mais flexíveis, a do preconceito dá mais trabalho para derrubar.
 
Cris e Beatriz, que pediram para manter seus verdadeiros nomes em sigilo, tiveram de driblar a indiscrição dos corretores quando foram procurar apartamento. “Eles perguntavam o que éramos uma da outra, se éramos irmãs, se íamos morar só nós duas.” Para evitar que esse tipo de atitude afastasse potenciais clientes, incorporadoras e imobiliárias passaram a treinar seus funcionários e desenvolveram serviços personalizados

As minorias não são tão pequenas assim

Imobiliárias e incorporadoras lançam serviços para ocupar nichos de mercado ainda mal explorados, como casais gays, idosos e jovens em busca da primeira casa:

1: ASSESSORIA JURÍDICA Um levantamento realizado pela Tecnisa em 2008 revelou que 12% das pessoas que visitaram seus empreendimentos eram homossexuais. “Reunimos uma equipe de advogados que auxilia na elaboração de contratos”, afirma Romeo Busarello, diretor de marketing da construtora.

2: CONDOMÍNIOS EXCLUSIVOS Dirigido à terceira idade, o Hilea é um centro que combina lazer, hotelaria e serviços de saúde de alto padrão. Na mesma linha, a incorporadora Agra lançou o Season, loteamento de casas em Sorocaba (SP) voltado para o público gay. Não pegou. Segundo o departamento de marketing da empresa, o projeto passa por uma “readequação”. Não há previsão de lançamento nem informações sobre o novo formato.

3: EDIFÍCIOS ADAPTADOS Para projetar casas e apartamentos que eliminem os perigos e barreiras à mobilidade de pessoas idosas, a Tecnisa montou uma equipe multidisciplinar. O grupo, formado por arquitetos, engenheiros, terapeutas ocupacionais, gerontólogos e assistentes sociais, também irá prestar consultoria para 
a adequação de imóveis comuns.

4: CAMPANHAS Síndicos de edifícios, orientados por ONGs, organizam programas de conscientização e promoção da diverdidade para desestimular atitudes preconceituosas nos condomínios.

5: TERAPIA DE APARTAMENTO Incomodados com a pasteurização do atendimento prestado por corretores, jovens à procura de seu primeiro imóvel apelaram para a internet. Com blogs, grupos de discussão e até programas de captação de recursos on-line, eles driblam o desconforto e as incertezas.
Fonte: redação época são paulo

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