Websérie de Jundiaí se destaca no nicho LGBT

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Falar sobre temas polêmicos como a homossexualidade tem outra conotação nos vídeos do canal ArtWeb, criado pelo ator e professor de teatro jundiaiense Faell Vasconcelos, 33 anos. Lançado em outubro de 2015 com a websérie “Os Boêmios”, que abordava o HIV entre heterossexuais, agora se destaca com “Romeu & Romeu”, uma adaptação do clássico “Romeu e Julieta” na versão LGBT.

Em um canal que já chega perto dos 12 mil inscritos, mesmo sem patrocínio, a websérie é uma sequência de histórias divididas em 10 episódios quinzenais, com roteiro assinado por Faell junto com Arthur Chermont. O oitavo episódio sai nesta quarta-feira (26). “Cada episódio, que tem cerca de 20 minutos, leva dez dias para ser gravado. Os outros cinco dias são para a edição”, explica Faell, que também atua. O elenco é formado ainda por nomes como Lilian Menezes. 

De carona na história de amor escrita por Shakespeare, “Romeu & Romeu” fala sobre dois rapazes que se apaixonam. Apenas um deles é homossexual assumido - o outro viveu parte de sua história namorando mulheres, mas não se sentia completo. “É uma história que envolve aceitação e conflitos familiares.” 

Assim como todos os vídeos produzidos pelo canal, “Romeu & Romeu” conta com legendas em inglês, o que alavancou sua difusão pelo mundo. Há uma semana, a websérie foi vencedora em três categorias no importante prêmio Web Series International Thophy, no qual concorreu com outros países. 

Sem tabu - Há cenas de beijo entre homens nos vídeos - o que gerou dificuldade entre a equipe para selecionar atores em Jundiaí, que demonstraram restrição a este tipo de atuação. Mas, segundo Faell, tudo foi feito de forma sutil. “Fizemos de uma maneira que um avô de 80 anos, por exemplo, não se sinta ofendido. Falamos, acima de tudo, do amor.” 

O ator também acredita que fazer este tipo de cena em um canal no YouTube abre margem para uma linguagem mais democrática e menos censurada do que na TV aberta e no teatro. Já são mais de 400 mil espectadores na websérie. “Existe uma visão pejorativa dessa temática na televisão. Já quem vai na internet está em busca de um produto específico, e o público LGBT está em crescimento. Nos centralizamos nessa brecha e estamos assustados e felizes com o sucesso.”

 Tudo junto e misturado - Todo o trabalho, incluindo captação de som, direção e edição, é feito por uma equipe de 40 voluntários, que são estudantes ou recém-formados na área de Cinema. Cada um cede o equipamento que tem e o figurino sai do próprio armário dos integrantes. “É um trabalho colaborativo e uma experiência enriquecedora”, diz Faell. 

Para ajudar nos custos da produção, agora o ArtWeb aposta em uma campanha coletiva pela internet. O valor que for recebido também já fica para a próxima websérie, que será lançada em 2017 e já tem algumas opções de tema. “Uma das ideias é falar sobre garotas de programa”, completa o ator.

Fonte: Jornal de Jundiaí


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